Como prevenir a perda auditiva



Como prevenir a perda auditiva causada por ruído no trabalho?

A fonoaudióloga Leticia Belleze explica como o problema pode ser prevenido pelas empresas e  como utilizar corretamente o equipamento de proteção individual
Muitas pessoas trabalham diariamente, 8 horas ou mais, expostas ao ruído. Seja em uma empresa com ruído de máquinas, em um ateliê de costuras, em um salão de cabeleireiros, dirigindo ônibus ou caminhões, entre outras atividades.
Essas ocupações merecem atenção, pois essa exposição contínua ao ruído pode causar uma desagradável conseqüência – a perda auditiva.
 
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Para prevenir são necessárias várias ações tanto da empresa quanto dos funcionários que nela trabalham e se expõem ao ruído. Entre as ações da empresa podemos citar alguns itens importantes como a medição da intensidade do ruído produzido para tomar as medidas adequadas de prevenção, cadastramento de um serviço de saúde que irá realizar avaliações audiológicas periódicas nos funcionários e acompanhamento dos casos de perda auditiva, disponibilizar EPIs (equipamento de proteção individual = protetor auricular neste caso) para todos os seus funcionários expostos ao ruído e trocá-los de acordo com o tempo de uso e/ou necessidade individual, dar treinamento e orientação referente aos agentes nocivos ao qual o funcionário estará exposto e como preveni-los, entre outras ações indispensáveis e previstas por lei.
 
Veja aqui artigo da fonoaudióloga sobre perda da voz
 
A exposição contínua ao ruído é capaz de desenvolver perda auditiva se o ruído for maior ou igual a 85 dB (dB = medida da intensidade do ruído) em até 8 horas por dia. Conforme o horário de trabalho aumenta a intensidade do ruído deve diminuir e conforme a intensidade do ruído aumenta as horas de trabalho devem diminuir para não haver exposição exagerada.
 
Os EPIs diminuem a exposição ao ruído, sendo assim uma das ferramentas mais utilizadas para amenizar essa exposição. Existem dois tipos de protetores auriculares: os de inserção e os protetores tipo concha. Eles serão indicados de acordo com a necessidade e intensidade do ruído.
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Muitos trabalhadores se queixam de ter que usar o EPI ou encontram muitas dificuldades na adaptação a este. Muitas das queixas e problemas encontrados no uso podem ser resolvidos com orientações. Na minha prática profissional percebi que as queixas mais frequentes eram: coceira e dor nos ouvidos após o uso do EPI, aumento da produção de cera, queixa de que o EPI não abafava o som e irritabilidade após o dia de trabalho pelo uso do EPI.
 
– Para o EPI não causar coceira nos ouvidos, ele deve ser limpo após cada dia de uso e guardado em lugar arejado para não acumular germes, bactérias ou fungos que podem se alojar no conduto auditivo e causar a coceira tão indesejada.
 
– Se o uso do EPI está causando dor ou não está abafando e diminuindo o som do ruído é porque ele não está bem encaixado em suas orelhas. Procure orientação do ambulatório médico ou equipe de profissionais da saúde de sua empresa para saber como colocá-lo adequadamente. Se mesmo assim você não conseguir se adaptar ao EPI peça para trocar de tipo de protetor.
 
– Nosso organismo produz a cera nos ouvidos para proteger o conduto auditivo. É normal aumentar essa produção de cera com o uso diário do protetor. Para você não sofrer com esse aumento de cera, não use nada dentro dos ouvidos, nem mesmo o cotonete, pois a cera não saíra totalmente e estes objetos podem “empurrar” parte da cera e o acúmulo disto causará a famosa rolha de cera que causa incômodo e dor. Todo dia após o banho, somente passe a toalha nos ouvidos até onde o seu dedo alcança. Nosso organismo avaliará a quantidade de cera nos ouvidos e expulsará o que considerar excessivo. Com a toalha você conseguirá retirar o que for excessivo.
 
– É normal sentir irritabilidade após um dia de trabalho com exposição ao ruído. Para isso diminuir tente evitar em casa, na hora do descanso, mais ruído, então tente manter a TV baixa, converse em intensidade agradável e tente repousar em ambientes calmos e tranqüilos.
Visto tudo o que já foi citado até agora podemos mencionar as ações e deveres dos funcionários expostos ao ruído. As principais são: se submeter aos testes de avaliação audiológica propostos pela empresa, usar o EPI quando exposto ao ruído, buscar orientação, treinamento e adaptação ao EPI e exigir esta orientação e ajuda da equipe médica quando necessário.
 
Se estas ações e deveres não forem cumpridos e o uso do EPI não for adequado e eficiente, a conseqüência pode ser a perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Mais atualmente denominada em termos técnicos por PAINPSE (perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevada).


As características desta perda auditiva são:

– Perda auditiva neurossensorial, ou seja, acomete orelha interna.

– Bilateral, ou seja, acomete as duas orelhas.

– Progressiva, vai aumentando com o tempo.

– Irreversível, o que perdeu não volta mais.

– Zumbido nas orelhas.
 
A PAINPSE ou PAIR apresenta também sintomas não auditivos nos indivíduos que possuem essa perda auditiva. Esses sintomas são geralmente as consequências que a perda auditiva causa. São eles: irritabilidade, dores de cabeça freqüentes, nervosismo, problemas de comunicação e afastamento social.
Se você trabalha exposto ao ruído, fique atento a estes sintomas, cumpra seus deveres como funcionário e exija que sua empresa cumpra os deveres dela! Procure ajuda médica quando necessário e NUNCA deixe de usar os protetores auriculares.
Aproveite e fique atento nos hábitos auditivos da sua casa e família e tente proporcionar sempre um ambiente calmo, tranquilo e silencioso!
 
Leticia Belleze é fonoaudióloga, especialista em Neurologia e Audiologia Clínica. Atua com Otoneurologia e terapias fonoaudiológicas.

Email para contato: leticiabell@gmail.com



 

Contribuição de
    Luciano Luís de Azeredo
Técnico em Segurança do Trabalho
            (51) 8214-9642 VIVO

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