Brasil e o quarto Pais do mundo em acidente trabalho



Brasil é o quarto país do mundo em número de acidentes fatais no trabalho

Representante do Ministério da Saúde diz que as principais causas são a banalização das ocorrências e a falta de política de prevenção

Elza Fiúza/ABr

 

Trabalhadores da construção civil estão entre os grupos mais vulneráveis para acidentes de trabalho

O coordenador-geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Jorge Mesquita, informou que o Brasil é o quarto país do mundo em número de acidentes fatais no trabalhos. Em audiência na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, ele disse que as principais causas dos acidentes são a banalização das ocorrências e a falta de política de prevenção.

De acordo com Mesquita, os grupos mais vulneráveis são: motoristas, agentes de segurança, trabalhadores da construção civil e trabalhadores rurais. Ele apresentou dados do Dieese, segundo os quais os riscos de um empregado terceirizado morrer de acidente de trabalho é 5,5 vezes maior do que nos demais segmentos produtivos.

O presidente da Comissão de Seguridade, deputado Amauri Texeira (PT-BA), salientou que na quarta-feira, dia 2 de julho de 2014, o Plenário aprovou o aumento da jornada de motoristas profissionais, o que pode gerar ainda mais acidentes entre caminhoneiros. "Isso é extremamente nefasto. Vou pedir que a presidente Dilma Rousseff vete esse dispositivo", destacou.

Impacto social
Conforme o representante do Ministério da Saúde, 10% do PIB são gastos em acidentes de trabalho nos países em desenvolvimento. Ele ressaltou o impacto social dos acidentes. Segundo ele, muitos trabalhadores que sofrem acidentes fatais são “arrimos de família”, e há uma desestruturação familiar após os acidentes.

Porém, na visão dele, mais do que os acidentes de trabalho, preocupam as doenças relacionadas ao trabalho. Ele citou dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que mostram que 2 milhões de pessoas no mundo morrem por ano devido a doenças relacionadas ao trabalho, enquanto cerca de 321 mil morrem por conta de acidentes de trabalho.

Discordância
O coordenador-geral de Fiscalização do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Fernando Vasconcelos, contestou o dado do Ministério da Previdência, de que o Brasil é o quarto país em acidentes fatais no mundo. Ele disse que o número é alto, mas que não existem dados mostrando a comparação com outros países.

Poucos fiscais
Um ponto destacado por Vasconcelos foi o baixo número de auditores do trabalho no Brasil para fiscalizar as condições trabalhistas. Segundo ele, no ano de fim da ditadura, 1984, existiam menos de 1,5 mil auditores do trabalho e hoje são menos de 3 mil. 
O coordenador-geral ainda acrescenta que, entre 2010 e 2013, 41,9 mil empresas foram fiscalizadas, incluindo fiscalização da jornada, das condições de alojamento e da terceirização ilícita.

Em 2014, a fiscalização atingiu 111 empresas até agora no RS.

Diante do baixo número de auditores, o ministério tem estabelecido prioridades na fiscalização. As prioridades são a fiscalização da indústria mineral; da área de transportes e dos Correios; do segmento de construção; da indústria de madeira e papel; e da área da agricultura. “A ideia é ampliar também a fiscalização na área de telemarketing e de frigoríficos”, acrescentou.

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