RBS0 traz dossie tematico sobre atencao integral em saude do trabalhador



 
RBSO traz dossiê temático sobre atenção integral em saúde do trabalhador

Da esq. p/ dir., Danilo Costa, da SRTE/SP, e José Marçal, da Fundacentro - Foto: Edson dos Anjos.

As edições foram lançadas no final de maio e estão disponíveis na íntegra na internet

Por ACS/C.R. em 04/06/2014
Um debate com pesquisadores e profissionais de diferentes instituições marcou o lançamento das edições 127 e 128 da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional – RBSO na Fundacentro em São Paulo no dia 22 de maio. As publicações trouxeram o dossiê temático “Atenção integral em saúde do trabalhador: desafios e perspectivas de uma política pública”. O evento teve a parceria do GT Saúde do Trabalhador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco e o apoio da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
 
“Esses dois números são extremamente importantes para a revista. Tivemos um trabalho enorme que resultou em um material que terá reflexos por muitos anos”, avaliou o editor científico da RBSO, José Marçal Jackson Filho.
 
Já Francisco Lacaz, do GT da Abrasco e pesquisador da Unifesp, ressaltou a importância da cidadania participativa. Em sua avaliação, o controle social do Sistema Único de Saúde – SUS não ocorre, pois não foram dadas as condições para que a sociedade participasse. Já sobre a saúde do trabalhador, acredita que ela está isolada, sofre com uma política fragmentada e com a falta integração entre os ministérios.
 
“Que saída vamos propor? O que nos cabe como ator social é mostrar que acontecem coisas criativas, que resgatam a perspectiva do SUS e da proteção social. Esses números mostram isso”, refletiu Lacaz. Para ele, as questões apresentadas pelo dossiê podem servir de referência para a Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que será realizada de 10 a 13 de novembro em Brasília/DF.
 
As edições da RBSO estão disponíveis na página da publicação no site da Fundacentro e no Scielo.
 
Para aprofundar as discussões do dossiê temático, foram montados quatro painéis com autores do dossiê temático.
 
Saúde do Trabalhador no SUS: desafios para uma política pública
Um dos desafios colocados no primeiro painel, pelo professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Rodolfo Vilela, foi a necessidade de se materializar a missão da Vigilância em Saúde do Trabalhador em ações factíveis. São diretrizes como a universalidade de ações, a integralidade, a pluri-institucionalidade, o controle social e a interdisciplinaridade.
 
Outro problema é que existe fragmentação entre as políticas setoriais que geram agravos à saúde do trabalhador, como às voltadas para o modelo econômico de produção, e as políticas setoriais que atendem aos agravos da saúde do trabalhador.
 
Já Jorge Machado, do Ministério da Saúde, destacou que os óbitos no trabalho não devem ser banalizados. É preciso analisar as tipologias de óbitos para fazer intervenções e trabalhar com prioridades e usar o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) para fazer vigilância.
 
Experiências Regionais
No segundo painel, Edvânia Lourenço, da Unesp de Franca, apresentou os desafios para a implantação de saúde do Trabalhador no SUS a partir de estudo realizado em Franca. Ela verificou que muitos documentos são preenchidos de forma incompleta. Na área canavieira, por exemplo, os trabalhadores estão sujeitos às imposições da usina.
 
Também da Unesp, mas de Botucatu, Dionísia Dias, destacou que a atenção primária é a porta de entrada na rede. Em seu estudo, ela ouviu os trabalhadores da saúde que atuam nessa área e constatou o peso da organização do trabalho e da gestão. “A condição de trabalho do trabalhador de saúde é uma importante questão para a implementação de ações de saúde do trabalhador na atenção primária à saúde”, concluiu a pesquisadora.
 
Mirian Silvestre, do Cerest de Campinas, por sua vez, falou sobre as experiências da instituição, as dificuldades e desafios enfrentados, como a omissão do poder público local e os limites da institucionalização da atenção à saúde do trabalhador. Em muitos momentos havia dicotomia entre assistência e vigilância.
 
“Estabelecemos parcerias com pessoas nas universidades, como PUC-Campinas e Unicamp, e convênio com o Ministério Público do Trabalho, o que deu força para a Vigilância peitar empresas e poder público local”, contou Silvestre.
 
4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador – perspectivas regionais e nacional
Por fim, no terceiro painel, sobre a Conferência Nacional, Letícia Nobre, da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, destacou que uma questão importante é discutir o financiamento de políticas de saúde do trabalhador. Outro ponto é abordar a vigilância do ambiente do trabalho, mas também o diagnóstico. O modelo de atenção e a questão de recursos humanos devem ser discutidos.
 
Arnaldo Marcolino da Silva, do Conselho Estadual de Saúde – CES/SP, falou sobre os problemas levantados em São Paulo nas edições anteriores, como agrotóxicos, saúde do trabalhador no setor canavieiro, LER/DORT, falta de estruturação da rede SUS para a atenção à saúde do trabalhador e contaminação química.
 
“Sou do movimento social. Ao longo do tempo, estamos fazendo o controle social. Nós temos o nosso conhecimento e nosso saber. Queremos o reconhecimento. É o conhecimento de todos que vai transformar”, concluiu Silva.
 
Já Simone dos Santos, coordenadora estadual da saúde do trabalhador de SP, relatou o processo de construção de propostas no estado para a Conferência Nacional. Um ponto importante é discutir como está sendo feita a capacitação dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS.
 
 
Desafios e Perspectivas para a Saúde do Trabalhador
 
No painel de encerramento, o auditor fiscal da SRTE/SP, Danilo Costa, destacou que os dois números da RBSO mostram potenciais de articulação. Dois problemas apontados em sua exposição foram a precarização do trabalho e a falta de perspectivas institucionais.
 
“É necessária a conquista da cidadania pela sociedade. Isso vem de fora para dentro, da indignação das pessoas. Nós temos que fazer agora. Minha prioridade é a questão do trabalho. O futuro é agora”, afirmou Costa.
 
José Marçal, da Fundacentro, completou que precisamos transformar a indignação em um motor para produzir o futuro.
 
Confira as apresentações dos autores em PDF na área de eventos realizados da página da Fundacentro.

 
 


 
                 

sinditestrs

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *