A falácia das ações corretivas e ação preventivas



 

A falácia das ações corretivas e ações preventivas

 

Mais uma vez, a ação corretiva tomada foi considerada inadequada e, por consequência, ineficaz. Enquanto gestores e equipe técnica desanimam, com um forte desejo de jogar a toalha, auditores de 2ª e 3ª parte lavam as suas mãos: não podem aceitar como eficaz uma ação que não eliminou as causas e que não criou um ambiente onde seja impossível se repetir um determinado desvio.

Assim, todos tem, lá, as suas razões e o Sistema de Gestão continua com grandes lacunas

Onde é que as coisas estão pegando?

 

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Como num triângulo, vê-se, no 1º vértice, a necessidade de registrar claramente os desvios identificados, reais ou possíveis; no 2º vértice, tem-se a necessidade de estudar as causas dos desvios, tomar ações para evitar sua repetição (nos casos reais, ações corretivas) ou avaliar riscos, e tomar ações para evitar que o risco se transforme em evento real (nos casos potenciais, ações preventivas). Pelo 3º vértice, enfim, vê-se análise e conclusão sobre eficácia ou a (imensa) ineficácia das ações tomadas, onde se percebem as reincidências se multiplicando, e o que é pior, as mesmas situações sendo novamente apontadas como causas.

 

Afinal, toma-se ou não, ação corretiva (ou preventiva) na empresa e nesses Sistemas de Gestão?

 

I – As exigências normativas:

Numa revisão dos textos normativos, por exemplo, Normas ISO9001, norma ISO14001, Especificação OHSAS18001, e outras, vê-se que as exigências focam registrar o resultado das ações tomadas quando desvios são identificados.

Assim, como regra geral e se obedecidas exclusivamente as exigências das Normas, os registros, tendem a ser muito pobres e a não permitir avaliar, por completo, o ambiente organizacional onde um desvio ocorre, nem enxergar seus desdobramentos dentro da estrutura da empresa. Os registros se fixam em avaliar o resultado (eficácia?) das ações tomadas. Somente na definição formal de Ação Corretiva e Ação Preventiva, é que encontramos a exigência prevenir sua repetição ou prevenir sua ocorrência.

 

II – Como as organizações abordam as ações corretivas e ações preventivas

Há milhares de empresas cumprindo apenas o básico em sistemas de gestão; assim, tem-se milhares de empresas com uma avaliação pobre do processo de tomada de ações corretivas, o que pode ser um erro gerencial gigantesco, a se considerar que, onde as falhas acontecem, ali esta a ponta de um possível iceberg de desvios até hoje mal estudado!

Será que um iceberg pode acabar com um Sistema de Gestão?

 

Descrição do desvio:

Esta é uma das grandes falhas das organizações: os desvios são mal registrados. Isto é um somatório de: mal identificado, mal compreendido, mal descrito e mal disseminado pelas equipes. Todo mundo sabe, lê, fala, discute o desvio, mas poucos são capazes de absorver o que, de fato, falhou!

 

Identificação de causas de desvios:

Esta é uma das outras coisas que chamam a atenção neste processo: a incapacidade das empresas em estudar a ocorrência de um desvio, visando a identificar e enxergar, com clareza e objetividade, as suas causas.

 

Ações imediatas:

Não se pode dizer o mesmo das ações imediatas: estas são tomadas na maioria absoluta das vezes, com muita propriedade, são implementadas adequadamente e seus resultados, no sentido de mitigar danos ou consequências, são bastante satisfatórios.

O que faltaria, então, para se ter a mesma clareza e adequação nas Ações Corretivas?

 

 

Classificação do tipo de desvio:

A começar pela classificação do tipo de desvio, indicando que se trata de um desvio real ou potencial e demandando, por consequência, uma ação corretiva ou uma ação preventiva, ascoisas já tomam outro rumo. Há uma mistura grosseira dos conceitos, de tal modo que é comum se ouvir falar de uma ação corretiva que gerou uma ação preventiva. E aqui, erram todos: gestores, coordenadores, consultores, todos se deixam levar pela aparente abrangência da ação (Puxa! Conseguimos gerar até uma ação preventiva na análise desse desvio! – é um comentário que se ouve!).

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É bom lembrar aos nossos coordenadores de sistemas que se, um processo de ação corretiva foi iniciado, ele foi iniciado a partir de uma falha real, concreta! A ação é corretiva, portanto!

Se o que exige uma tomada de ação não é algo concreto, mas algo potencialmente danoso, perigoso, crítico, inseguro, que pode dar errado, algo como uma situação de alto risco, isso exigiria uma intervenção do tipo preventiva, a saber, ANTES que os temores se concretizem, imediatamente, ANTES que a tal situação piore, ou que o risco se torne uma ocorrência real. Claramente, uma antecipação ao que viria depois, caso o desvio viesse a se concretizar. A ação aqui é preventiva, portanto!

Deveria estar claro, a esta altura, que, se militamos no tempo em que o desvio ocorreu, o objetivo tem que ser evitar sua repetição. Daí, iniciamos uma Ação Corretiva.

 

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Já no caso em que o desvio poderá ou poderia acontecer, não há como iniciarmos outro processo que não o da Ação Preventiva!

Tentar misturar uma ação decorrente de um desvio, com uma ação de melhoria, chamando uma de corretiva e outra de preventiva, ocasiona uma distorção profunda no entendimento adequado dos Sistemas de Gestão.

 

Investigação de causas:

Processo doloroso e mal conduzido, esta etapa da solução de problemas continua sofrendo da síndrome do ver-e-agir. Em tempos de gestores hands on, onde o que vale é fazer alguma coisa, pois é melhor errar fazendo, do que nada fazer, dá medo daquilo que se descreve como causa de um desvio e, óbvio, daquilo que virá na sequência!

 

Trabalhei com um gestor que dizia: depois de se conhecer a causa do desvio, tudo é tão fácil quanto andar à frente! Entendo que isto clareia uma posição: se a causa estiver correta, estamos a salvo!

 

Portanto, precisamos investir pesado aqui: desvio compreendido e causa identificada, é aqui que devemos chegar!

Revisitando as definições:

Ação Corretiva: Ação implementada para eliminar as causas de uma não-conformidade, de um defeito ou de outra situação indesejável existente, a fim de prevenir sua repetição. (Norma NBR ISO9000:2005)

Ação Preventiva: Ação implementada para eliminar as causas de uma possível não-conformidade, de um defeito ou de outra situação indesejável existente, a fim de prevenir sua ocorrência. (Norma NBR ISO9000:2005).

Em suma, é necessário que as organizações alinhem seus pensamentos e análises a partir deste prisma inicial:

  • Falhou, age-se com Ação Corretiva.
  • Poderá falhar: age-se com Ação Preventiva.

O que vem por aí?

Voltaremos, no próximo artigo, para falar de como o processo deve se desdobrar, quais falhas ocorrem nas etapas seguintes e da sugestão de um método para melhorar a eficácia das nossas ações corretivas. E ações preventivas, claro!

Mas, como aperitivo, vamos deixar um novo comentário: se seu sistema falhou em tratar um desvio, todas as ações relacionadas a isso serão, daqui por diante, corretivas.

Concordou?

Reflita e prepare-se para novas informações.

Fonte:

http://www.qualidadebrasil.com.br/artigo/qualidade/a_falacia_das_acoes_corretivas_e_acoes_preventivas

 

Prof. Swamy Oesterreich Freitas

DIRETOR GERAL

CREF: 1964 – G/RS

 

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